D. Adélia Espírito Santo (Délinha), mãe do André que inspirou a fundação do Lar André Almeida - Santa Casa da Misericórdia de Freamunde, fala-nos deste jovem muito especial, desaparecido precocemente…

O André era um menino normal, muito sociável, preocupado com os amigos e com os avós deles, daí a razão deste lar. Muita gente aqui em Freamunde perguntava porque eu não fiz um Infantário e eu explicava que o André sempre teve um carinho especial e preocupação pelos idosos, tal e qual como eu.

Desde pequenino que vinha cá a Freamunde visitar os avós, vinha passar os fins de semana, e a primeira coisa que ele fazia era visitar os avós dos amigos de Freamunde.

A Bininha Riquêta, que já faleceu, esteve inclusive aqui neste Lar, ia trabalhar nessa altura para casa de uns amigos, e tinha um carinho especial pelo André. Certo dia, ele disse-lhe: “Bininha a sua casa é tão fria, eu vou pedir ao meu pai que lhe dê uma casa quentinha.”

O André era o meu filho, mas era muito especial. Quando morreu estava a viver no Porto com dois amigos num apartamento T2. Era muito preocupado com os outros. Aos fins de semana recebia dez, quinze, vinte amigos de Freamunde, levavam sacos cama e dormiam lá. Ele sofria mesmo com as diferenças sociais, achava que o mundo era um pouco injusto.

Talvez até ele tivesse sensibilidade a mais, porque notava que ele sofria com as injustiças da vida. Todos os Natais íamos a casa das pessoas mais necessitadas de Freamunde doar bens e alimentos, ele tinha muito essa preocupação. “Mãe tens de ajudar, tu tens dinheiro, tens de dividir, estes meninos têm capacidades de estudar e os pais não têm dinheiro.”

Quando ele faleceu, nós pagamos os estudos a alguns dos amigos. Quando lhes disseram quem tinha ajudado, foi uma satisfação muito grande.

Este Lar, os cabazes sociais (mais de 26 famílias) doados todas as semanas, são exemploa da vontade do André, e é nele que queremos eternizar estes valores.

Termino com a citação que marca a vida do André e que está escrita na entrada desta casa: “Na vida o mais importante é a beleza e a bondade interior que cultivamos…”

Entrevista conduzida por Maria da Luz Meireles

Na entrada e corredores, há mensagens que transmitem Paz e Harmonia!

Nos rostos há sorrisos, e muita simpatia…

Irmandade Santa Casa da Misericórdia de Freamunde - Lar André Almeida

O Lar André, de acordo com a aprestação oficial presente na sua página web, “nasceu porque, infelizmente, um rapaz de apenas 21 anos faleceu de acidente de viação. Os seus pais construíram então esta casa em sua memória.

André Almeida partiu deste mundo, abraçou, na certeza de seus pais, uma outra vida, longe dos seus, fisicamente, mas sempre presente no pulsar e o sentir daqueles que o amaram e tiveram o privilégio de com ele conviver.

Os que o amavam, e amam, sentiram a necessidade de criar algo, eternizar a ternura, a generosidade e a infinita capacidade de amar do André. Os seus pais avançaram com o sonho de construção de um Lar para idosos e decidiram doar, na forma de instituição de solidariedade, um pedacinho da alma do André, um pedacinho da sua alegria e eterna juventude para suavizar a caminhada final daqueles que recorrem a essa casa.

Hoje, o Lar André Almeida é uma realidade e uma felicidade para aqueles que aí vivem. A Santa Casa da Misericórdia foi e é o suporte jurídico para a sua implementação. Muitos foram os que, das mais diversas formas, se entregaram e partilharam o sonho de Adélia e José Almeida para que se tornasse uma realidade, muitos foram e são aqueles que ao longo do tempo honraram e consolidaram essa instituição.

O André, do alto da nuvem mais alta está certamente feliz por ver que os seus souberam aplacar a imensa dor da sua ausência oferecendo o espaço e o tempo para aqueles que, por razões diversas, precisam de ajuda, apoio, amor e companhia para fazer frente à verdade da velhice e à nobreza e dignidade de se saberem gente.

Adélia, a eterna mãe, doa, diariamente, o seu tempo, o seu trabalho, a sua companhia e o seu amor a todos os que vivem nesta Casa. A Casa que foi construída por si e pelo seu marido alberga todo o amor que o seu filho quis deixar e todas as promessas de felicidade que o André sabia que os seus pais entenderiam e delas fariam eco.”

Efetivamente, foi um gosto e um prazer muito grande, quer para os nossos alunos, que tiveram a oportunidade de tocar e cantar para uma plateia tão simpática, quer para os utentes, que, com certeza, apreciaram o repertório da nossa tuna.

Damos tão pouco e recebemos tanto!

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